Prestador de serviços lidera punições por corrupção

São Paulo - Empresas e proprietários de prestadoras de serviços e fornecedoras de material para o governo representam o setor com maior número de punidos por irregularidades cometidas com recursos públicos. Levantamento feito pelo Estado, com base nos dados disponíveis no Portal da Transparência do governo federal, sobre as empresas e empresários que são considerados inidôneos ou estão suspensos, mostra que o setor é responsável por quase metade das ocorrências que acabaram em punições - 42% de inidôneos e 46,7% de suspensos.

Na prática, a maioria delas fornece material de escritório e de papelaria, serviços de informática e terceirização de mão de obra. Na relação dos inidôneos (proibidos de ter qualquer relação comercial com o governo), esse setor responde por 42% das ocorrências. Se forem consideradas apenas as empresas que foram suspensas temporariamente pelo governo (irregularidades de porte menor), o setor é responsável por 46,7%.

Apesar disso, o governo reconhece que o principal volume de recursos com irregularidades aparece em outro setor. Se os fornecedores de materiais e prestadores de serviços são campeões na incidência de problemas, os maiores recursos desviados estão nos casos envolvendo empresas de engenharia e construção, embora o governo não tenha levantado o total desviado. Isso acontece porque esse tipo de setor mexe com grandes obras.

No ranking da corrupção com recursos públicos, as empresas de construção têm 16,2% das inidoneidades declaradas. Isso inclui firmas envolvidas em grandes escândalos como a Gautama, do empresário Zuleido Veras, punida depois das irregularidades descobertas dentro da Operação Navalha, deflagrada pela Polícia Federal (PF). Apenas em 2007, contratos da Gautama que estavam sendo investigados giravam em torno de R$ 499,9 milhões. Se forem incluídos todos os contratos que a empresa tinha feito até então, a soma chega praticamente a R$ 1,5 bilhão.

Malha fina

Para tentar conter irregularidades cometidas com dinheiro público, o governo federal criou uma malha fina da corrupção. Vinculado à Controladoria-Geral da União (CGU), o Observatório da Despesa Pública (ODP) segue “trilhas” de irregularidades em busca de fraudes dentro dos maiores sistemas de gastos do governo, como o ComprasNet, cartões corporativos e terceirizações.

“Somente com a maciça utilização da informática e através da ‘mineração’ de dados temos como realizar uma sistemática mais eficiente no combate à corrupção”, disse o secretário executivo da CGU, Luiz Navarro. Ser pego nessa malha fina, afirmou o secretário, não significa culpa, mas que o caso será separado para um exame mais detalhado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.