É a ética que define um grande líder
Gazeta Mercantil | 1 de dezembro de 2008
1 de Dezembro de 2008 - Seja qual for o estilo de um líder, suas atitudes devem ser pautadas pela ética e pelos valores a ela associados, como a honestidade, a transparência e a integridade. Desassociada da ética, a liderança revela seu lado sombrio. Em vez de se colocar a serviço do crescimento dos funcionários, da empresa, da sociedade e do país, ela se coloca a serviço de interesses escusos, ou pessoais ou de um determinado grupo. Calcada na desculpa de que os fins justificam os meios, esse tipo de liderança que conduz a desastres que afetam não apenas ao líder mas também aos empregados, à empresa e, dependendo do caso, o país e até mesmo o mundo. Basta lembrar que Adolph Hitler também foi um líder.
No livro The Allure of Toxic Leaders: Why We Follow Destructive Bosses and Corrupt Politicians- and How We Can Survive Them (A Sedução dos Líderes Tóxicos: Por que Seguimos Chefes Destrutivos e Políticos Corruptos – E Como Podemos Sobreviver a Eles, em tradução livre), a autora, a socióloga Jean Lipman-Blumen, cunhou a expressão "líder tóxico" para identificar alguém que abusa de sua posição de poder, deixando os liderados numa situação pior do que aquela na qual se encontravam antes de tê-lo como líder - seja de uma empresa, seja de um povo. No livro, Lipman-Blumen explica que, no caso das empresas, a liderança tóxica é expressa pela atitude predadora de pessoas que, em troca de vantagens pessoais, destroem as companhias que deveriam liderar por meio de fraudes e de corrupção.
Há muitas outras atitudes que podem ser caracterizadas como antiéticas - quem já teve um chefe assim certamente se lembra de mais algumas. Qualquer comportamento que implique abuso da autoridade pessoal e do poder conferido ao cargo já indica que a ética está sendo desconsiderada. E, quando isso ocorre, a dinâmica da liderança simplesmente deixa de funcionar, motivo pelo qual a falta de ética sempre acarreta maus resultados. Nesse sentido, um líder antiético é, também, um líder incompetente. Talvez ele até possa obter algumas vantagens pessoais às custas de sua reputação - e às custas dos funcionários e da empresa - mas isso não o define como um líder eficaz.
Não faltam listas elencando as características que definem um líder. Com uma ou outra variação, as listas costumam destacar qualidades como ousadia, criatividade, determinação, persistência, visão, entusiasmo, coragem, disciplina... Mas é a ética que deveria encabeçar essas listas. O problema é que todas as outras características podem ser usadas para o bem, e também para o mal: ousadia para passar a perna nos outros, criatividade para encontrar novas formas de fraudar, determinação para levar vantagem a qualquer preço, persistência em tirar proveito de tudo e de todos... É a ética que estabelece a linha divisória. Por isso ela é a base da boa liderança.
kicker: Longe da ética, a liderança revela seu lado sombrio e se coloca a serviço de interesses escusos ou pessoais
(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9)(Ricardo Bellino - Empresário e dealmaker, fundador da Gold & Bell, do Inemp, do Instituto do Empreendedor, e da Escola da Vida (www.escoladavida.com). )
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